Análise Hertzberger

 O texto de Hertzberger “Lições de Arquitetura” de 1999, aborda diversos temas e diretrizes para que o arquiteto faça um bom projeto. Tendo em vista alguns temas abordados no livro podemos reparar em nossas próprias casas e cidade, os assuntos abordados por Hertzberger e suas dinâmicas, mesmo que fazendo um paralelo à realidade brasileira, já que a obra aborda exemplos da Europa e principalmente dos Países Baixos. 

O conceito de Polivalência que é a flexibilidade de um espaço ser utilizado de diversas formas dependendo da necessidadeIsso é observável nos quartos que originalmente é projetado para ser um dormitório, mas também é usado com escritório ou sala de TV, por ser um espaço amplo, com apenas um armário embutido e janela, abre as possibilidades para que o usuário explore todo o potencial do espaço. 


Como abordado no capitulo “Forma e usuários: O espaço da forma”, projetar deveria ser uma questão de organizar o material de tal modo que seu potencial fosse inteiramente explorando. Porque nada adianta um espaço em que o usuário não crie o sentimento de pertencimento. Com isso quero dizer que a capacidade de absorver e comunicar significado determina o efeito que a forma pode ter sobre os usuários, e, inversamente, o efeito dos usuários sobre a forma. O ponto central é a interação entre forma e usuários, o que um faz ao outro, e como um se apropria do outro. Assim vemos no meu apartamento, que era apenas um espaço vazio, mas logo intervimos dividindo o banheiro dos fundos entre uma despensa e um lavabo, reformamos por completo os banheiros e a cozinha, e por fim organizamos os móveis como queríamos, muito provavelmente bem diferente da ideia original do arquiteto mas justamente o projeto do arquiteto com as nossas intervenções que fizeram nós como usuários criarmos o sentimento de pertencimento pelo apartamento. 


O capitulo “Visão I” aborda como a aplicação de níveis e varandas no projeto aproximam ou afastam o contato entre as pessoas. Sendo assim o grau com que os lugares são separados ou abertos em relação aos outros, e a maneira como isso é feito, é responsabilidade do arquiteto. Ao introduzir diferenças de nível, aumentamos as possibilidades. Isto corre no meu prédio em que a entrada é um grande espaço que dá acesso a todos os lugares do prédioq que é elevada em relação a rua, enquanto um jardim percorre todo a fachada para criar um obstáculo de quem olha de fora. Essa simples elevação de apenas 5 degraus de escada é o suficiente para criar uma entre público e privado, além de criar um ambiente amplo para o convívio dos vizinhos. 


Outro tema recorrente do livro é a rua e o domínio público, é neles foi, originalmente, o espaço para ações, revoluções, celebrações, e ao longo de toda a história podemos ver como, de um período pra o outro, os espaços públicos serviram os interesses da comunidade. Assim o espaço público serve não apenas para a interação social mas também para dar voz ao povo. Essa função social dos espaços públicos e ruas é visto na praça da Independência em Santos-SP, projetada para ser uma das principais estações dos antigos bondes de Santos, a praça hoje, sem mais os bondes e a estação, é palco de diversos eventos importantes para a cidade, por exemplo palco de manifestações política populares, manifestações artísticas, além de local da comemoração de títulos do time da cidade, sendo assim parte da cultura e sociedade santista. 


As diferenças e restrições entre público e privado são apontadas e exemplificadas de várias formas no decorrer do livro mas a parte que mais chama a atenção são as galerias, pois elas são uma união dessas duas esferas, são o acesso público ao espaço privado.  As galerias são ruas internas de comercio que servem em primeiro lugar para explorar espaços interiores abertos, assim o conceito de galeria contém o princípio de um novo sistema de acesso no qual a fronteira entre público e privado é descolado e, portanto, parcialmente abolida; em que, pelo menos do ponto de vista espacial, o domínio privado se torna publicamente mais acessível. Esse conceito é visto nas diversas galerias espalhadas pelo bairro comercial do Gonzaga, em Santos, foram construídas justamente para abrir caminhos para o grande trafego de consumidores e ao mesmo tempo abrir mais espaço para lojas, isso fez com que o comercio se desenvolvesse e os pedestres constaram mais espaços sem automóveis para circular, quebrando também a percepção de quando se está na rua, público, e os prédios, privado.  



Rafael Vitali

Comentários

  1. Rafael, em sua análise, selecionou os conceitos de acordo com os espaços analisados, explicando-os e articulando bem com cada ambiente. Além disso, a explicação permite uma fácil compreensão até mesmo para que não conhece a obra de Hertzberger e, apesar de não haver imagens, essa ausência não prejudica o entendimento, uma vez que ele descreve os espaços e traz exemplos.

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